A Astrologia Clássica não é uma escola ou conjunto de ideias. Ela é a constituição de mais ou menos dois mil anos de afirmações astrológicas que evoluiram juntamente com o seu contexto cultural.
Uma das conseqüências de estudarmos a Astrologia Clássica é o conhecimento das bases do pensamento astrológico. Conforme conheçamos nossas tradições, poderemos entender melhor como usar o ceu visível para as chamadas predições; entendendo que essa prática não é o único propósito desse saber.
Outra conseqüência desse estudo é que poderemos mesclar os pontos de vista e técnicas da Astrologia Clássica e da atual, conhecida como Astrologia Moderna, enriquecendo ainda mais a nossa prática profissional, a partir do momento em que nos disponibilizamos a explorar novos horizontes.
Normalmente se escreve sobre Astrologia como se as práticas atuais tivessem sempre sido uma parte de sua herança. Ocorre que existem algumas diferenças surpreendentes entre a Astrologia Clássica e a Moderna. Isso, absolutamente, não quer dizer que devamos descartar as práticas atuais, mas sim que podemos considerá-las como um desenvolvimento recente dessa Arte e abordá-las com discernimento e pesquisa.
A delineação tradicional da Astrologia está focada em áreas da vida separadas e olhando um tópico de cada vez, começando com indicações da vitalidade, longevidade e caráter da pessoa. O Astrólogo, também chamado de Artista, falava sobre a fama, fortuna, casamento, morte e família do consulente. Já o enfoque da Astrologia Moderna se inclina a olhar de um ponto de vista psicológico e ter uma visão do âmago da pessoa.
Na antiguidade, os Astrólogos não descreviam os signos de uma forma unificada, mas simplesmente listavam suas qualidades: Áries é tropical, cardinal, do elemento fogo, bestial, de curta ascensão, rege certas cores e itens, significando certas condições climáticas e partes do corpo.
Ao se considerar um Áries no Ascendente, o Astrólogo anotaria que o mesmo não é um signo humano, mas sim bestial, e que como um signo cardinal, deveria haver uma certa exposição pública da pessoa. Procurar-se-ia por Marte, o regente por domicílio de Áries, como um planeta importante para várias investigações a respeito da vida da pessoa, principalmente saúde.
Literatura
Podemos dividir a literatura da Astrologia Clássica em três períodos principais: Grega, Árabe e Medieval. O que restou da literatura grega é da mesma época que o Império Romano e permaneceu até mais ou menos o ano 900 A.D. Suas origens, porém, são de alguns séculos antes, da época de Alexandre, o Grande. Essa Astrologia tem suas raízes na Babilônia, mas foi fortemente influenciada pela cultura egípcia e pela filosofia grega. Sua difusão percorreu todo o Império Romano enquanto este existiu, mas foi mais profícua no Egito e Oriente Médio. Sua linguagem era inicialmente grega, já que nessa época era a língua das pessoas cultas e instruídas.
A Astrologia Grega se parece um pouco com a Astrologia Védica da Índia, embora haja diferenças importantes entre as duas. Os principais nomes dessa época são: Dorotheu de Sidon (Século I), Vettius Valens e Anthiochus de Atenas (Século II). Dessa mesma época, mas não fazendo parte da cultura grega, Claudius Ptolomeu compilou o Tetrabiblos.
Depois da queda do Império Romano, a Astrologia sobreviveu no mundo oriental, especialmente no Império Bizantino. Com a aparição e ascensão do Islã, por volta de 900 A.D., apareceu uma Astrologia mais parecida com a nossa, provavelmente proveniente da Pérsia e que era significativamente diferente da tradição grega, principalmente no uso das orbes para os aspectos e no sistema de Casas.
Esse sistema veio para a Europa na época das Cruzadas e foi sistematizado no trabalho de Ibn Ezra (século XII) e Guido Bonatti (século XIII), entre outros. Esse sistema atravessou os séculos, permaneceu ao longo de toda a Renascença até a Idade Moderna com poucas alterações e seus textos foram escritos em Latim Medieval. Embora existissem reformadores no Século XVII como Kepler, foi somente por volta dos anos 1700 que a tradição astrológica foi seriamente rompida.
Cronologia dos Principais Autores e Obras da Astrologia Clássica:
- Marcus Manilius (Século I AD) – Astronomicon
- Dorotheu de Sidon (Século I AD, provavelmente antes do ano 65) – Carmen Astrologicum
- Claudius Ptolomeu (Século II AD, 100-178) – Tetrabiblos
- Vettius Valens (Século II AD, 150 – 185) – Anthology
- Anthiocus de Atenas (Século II AD) – The Thesaurus
- Firmicus Maternus (Século IV) – Mathesis (escrito por volta de 334)
- Abu’Ali Al-Khayyat (Século VIII, 770-835) – O Julgamento das Natividades
- Abu’Mashar (Século VIII-IX, 787-886) – The Abbreviation of the Introduction to Astrology
- Al-Biruni (Século X, 973-1048) – The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology
- Avraham Ibn-Ezra (Século XI, 1089-1164) – Livro do Julgamento das Estrelas
- Guido Bonatti (Século XIII) – Liber Astronomiae
- Jean Baptiste Morin (Século XVI, 1583-1656) – Astrologia Gallica
- William Lilly (Século XVII, 1602-1681) – Astrologia Cristã
- Nicholas Culpeper (Século XVII, 1616-1654) – Julgamento Astrológico das Doenças
- William Ramesey (Século XVII, 1626) – Astrologia Restaurata
- John Partridge (Século XVII, 1644) – Mikropanastrom
Interpretação de Mapas
Mapa Astrológico de Carl Gustav Jung
Capricórnio no Ascendente, regente do Ascendente domiciliado na casa 2, Sol domiciliado na casa 8, Lua exaltada na casa 5 e Parte da Fortuna na casa 11, mostram que a questão dos valores e aquisições é muito importante para esse nativo.
Grande benéfico angular, disposto pelo pequeno benéfico também angular e em sua própria Triplicidade, revela alguém que veio para ser pessoa pública e conhecida internacionalmente.
Regente do Ascendente domiciliado, Luminares dignificados, benéficos angulares, pontos hylegiacos em posições e situações estratégicas, apontam para uma saúde forte e vida longa.
Grande benéfico angular e em signo dos seus Termos, regente da casa 9 angular e conjunto ao dispositor da casa 10 e Parte do Espírito angular, revelam grande interesse em temas ligados à espiritualidade, autoconhecimento e expansão de consciência.
Mapa Astrológico de Albert Einstein
Regente do Ascendente na Casa 6 mostra uma saúde sensível e frágil. Regente da 12 angular na 10, conjunto a Saturno e regente da 6 na 8 reforçam essa condição.
Stellium na Casa 10 com a Parte da Fortuna e regente angular e exaltado revelam que a área profissional é muito importante, além de ser uma pessoa que veio para ser pública.
Sol em júbilo na 9 mostra brilho na área acadêmica e com reconhecimento internacional.
Saturno regente da 7, angular, em queda e conjunto a Vênus exilada aponta para restrições nos relacionamentos.
Maléficos angulares e em mútua recepção por domicílio sinalizam uma vida com desafios e dificuldades.